PECUÁRIA | 07/04/2017 às 00h00

Autoridades reforçam a qualidade da carne brasileira

Durante a abertura do 30º Encontro de Tecnologias para Pecuária de Corte, que ocorreu no dia 3 de abril, no auditório do Sindicato Rural de Campo Grande, autoridades, pecuaristas e palestrantes reforçaram argumentos sobre a qualidade da carne produzida no Brasil e em Mato Grosso do Sul. Representante do Governo do Estado, da Famasul, do Legislativo Federal, consultores e pecuaristas consideraram os danos da Operação que colocou em xeque a proteína animal brasileira, e avaliaram a agilidade do Governo Federal na recuperação de mercados e da credibilidade da pecuária nacional.

Segundo o presidente do Sindicato Rural de Campo Grande, Ruy Fachini Filho, a vinda do Ministro de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi, ao Estado demonstrou o interesse de esclarecer informações e consideração aos mais afetados pela Operação da Polícia Federal, os produtores rurais. “Nosso evento acontece em um momento importante e difícil para Mato Grosso do Sul e Brasil. Em situações como as que estamos vivendo no nosso setor, os produtores devem ser mais unidos, precisamos nos apoiar mais. Avalio o Maggi como um estadista, que agiu prontamente para corrigir os impactos negativos da operação, e concordo com ele quando informou que esta ação desafiou colocar água a baixo, cerca de 40 anos de desenvolvimento tecnológico da nossa pecuária”, afirmou o presidente.

Também no evento o secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar, Jaime Verruck, apoiou a realização do evento e reiterou as metas da pasta que assumiu no novo desenho administrativo do governo e demonstrou confiança no êxito de sua missão. “Muitas de nossas angústias, como o Funrural, a Carne Fraca, não existiam há um mês atrás. Provavelmente o espírito desse seminário, se tivesse acontecido há um mês, seria totalmente diferente. Portanto percebam a dinâmica que é a economia, o mercado, em 30 dias nós mudamos totalmente o cenário”, disse.

“A nossa secretaria é responsável pelo desenvolvimento do Estado. E temos de apoiar esse tipo de evento que apresenta novos caminhos ao produtor rural, tecnologias e inovações. O objetivo era reduzir custo e gerar eficiência, daí a lógica de criar uma grande Secretaria para cuidar do desenvolvimento do Estado, e entre os responsáveis, está nossa pecuária, que produz carne de excelência”, frisou.

Ao concordar com o secretário, a deputada Federal, Tereza Cristina, ressaltou a importâncias de tecnologias para manter a qualidade da produção no campo. “Uma discussão importante, que tem como missão revelar os desafios de se manter a rentabilidade em um cenário em que a oferta de animais, é maior que a demanda de consumo da carne brasileira. Uma forma também de apontar soluções para os problemas da cadeia da carne em nosso Estado, através de boas práticas e tecnologias avançadas. Que recursos aplicáveis possam sair deste encontro e que eles possam beneficiar a pecuária de MS, que produz carne de alta qualidade”, expressou a deputada.

Durante o evento, que somou mais de 200 pessoas, o presidente da Famasul, Mauricio Saito, salientou a qualidade da carne bovina produzida em Mato Grosso do Sul e destacou a inauguração do Laboratório Multiusuário de Biossegurança para a Pecuária – Biopec. “Nossa carne é forte, são 150 países que importam nossa produção. A parceria com a comunidade científica possibilita ao produtor rural eficiência e desenvolvimento sustentável”, acrescentou.  O Biopec é o mais moderno na área de pesquisa em segurança e qualidade da carne da América Latina.

Para o pesqusador da Embrapa Ademir Hugo Zimmer, tanto a qualidade como a produtividade da pecuária, estão estritamente ao manejo empregados nas fazendas. Foi o que ele detalhou em sua palestra no 30º Encontro de Tecnologias para Pecuária de Corte. ”A degradação das pastagens nada mais é do que um processo evolutivo de perda do vigor, produtividade e capacidade de recuperação natural do pasto. Tanto para sustentar os níveis de produção e a qualidade exigida pelos animais como para superar os efeitos nocivos de pragas, doenças e invasoras”, detalha. “É também indispensável se fazer um diagnóstico específico, levando em consideração os índices zootécnicos da fazenda, que dão um indicativo de como caminha a situação do pasto, por meio do ganho de peso diário dos animais, por exemplo, ou a taxa de lotação.

Condordando com o pesquisador da Embrapa, o presidente do Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável (GTPS), Francisco Beduschi, confirmou que recuperando as pastagens brasileiras, daríamos um grande passo sustentável e produtivo, aumentando a produção sem expandir áreas. “Concordamos que intensificar não seja solução para todos os produtores, mas que pequenas adaptações, em especial no que se refere às condições das pastagens no país, são capazes de surtir grandes benefícios ao meio ambiente e, especialmente, ao retorno econômico”, enfatizou ao apresentar duas ferramentas de apoio à melhoria contínua e à gestão de indicadores de sustentabilidade - Manual de Práticas para Pecuária Sustentável e o Guia de Indicadores da Pecuária Sustentável. “A meta é engajar nossos associados em diversas ações regionais com o objetivo de disseminar o conteúdo e o uso dos nossos materiais”.

Para o superintendente de Ciência, Tecnologia e Inovação de MS, Renato Roscoe, a tecnologia é aliada do produtor rural e pode ser falada em números. “Nos últimos seis anos, Mato Grosso do Sul reduziu em 9% o rebanho e aumentou 21% na produção, devido as pesquisas da comunidade científica.  Precisamos mostrar para o mundo que adotamos tecnologia de ponta, trabalhamos com sustentabilidade, que produzimos carne de alta tecnologia. Nosso problema não é sanidade, é a percepção errada da sociedade que não entende o nível tecnológico com que produzimos", enfatizou Roscoe, que apresentou a palestra uso de drones na pecuária de precisão.

Finalizando as palestras Maurício Palma Nogueira, diretor da Agroconsult, esclareceu que os atuais índices da pecuária ocorre não só pela Operação Carne Fraca, mas pelo estoques de animais. “Entramos em 2017 com estoque de animais machos, que não foram abatidos em 2016. A tendência é de que sejam abatidos neste ano, junto a muitas vacas que vieram de um processo de retenção, e este cenário já nos aponta para uma queda nos preços, potencializada pela Operação da Polícia Federal. Mas alertamos que foi uma situação pontual, infeliz, que está sendo contorna de forma imediata”, esclarece Nogueira.

O 30º Encontro de Tecnologias para Pecuária de Corte, contou com o patrocínio da OCB/MS e do Sistema Famasul, com apoio do MNP, Governo do Estado de MS e Embrapa Gado de Corte.

 

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